Thursday, March 30, 2006

Livre... escolha!


Temos o livre arbítrio.
Para um lado ou para o outro a escolha é nossa. Os dois lados de uma folha de papel onde escrevemos, em traços mais ou menos firmes, a continuidade do ritmo cardíaco a que estamos presos... por um fio!

Temos sempre o livre arbítrio.
Não resta esperança... entre a vida ou a morte há a fronteira de um traço contínuo que marca o tempo que... raios partam!! ... é o passado do presente que permeia um futuro que passa, ligeirinho, a passageiro...


Temos mesmo livre arbítrio?
A imperfeição é o excesso que confirma a regra a que cada lado está sujeito!
Um é o reflexo dilatado e distorcido da imagem de si mesmo – a matéria e a antítese.
A verdade não é sequer ela mesma mudadas as perspectivas de reflexão!
O Lobo é cordeiro na altura de partilhar o Capuchinho com a alcateia de lobices – de lobinhos às velhices!

Que se lixe quem disse que temos livre arbítrio!
Agora entendo-o...
...tenho-lhe inveja!

Não do medo de cair...
...não do medo de “sair da casca”

e descobrir que posso carregar as mesmas imperfeições
jucusas que cada escolha trás...
...mas de manter-se em linha!

Monday, March 20, 2006

Porque o dia do pai... foi ontem...



(a carta, que por todo o orgulho e teimosia que dele herdei, não entreguei ao meu Pai...)

Vou pensar que és o Pai Natal!
Não porque queira prendas, no lato sentido consumista do infantil mal gozado!
Mas sim... porque quero pedir-te...

Que lembres das brincadeiras que passamos... de quando ainda bem pequena, na palma das tuas mãos, beeemmmmm esticadinha, quase ... quase tocava o tecto amarelecido da humidade triste que vestia de Inverno aquelas paredes.

Que caminhes, novamente ao meu lado, no caminho para casa d´Avó, e me partias pinhões, acabadinhos de apanhar no colo térreo do Pinheiro manso do Lugar de S. Lourenso.

Que me ralhes, quando tens razões! Como quando copiava canções da rádio local... bem por cima das tuas músicas predilectas dum country qualquer!

Quero pedir-te... que não sejas um pai normal!
Que não uses desse estatuto porque te é dado no momento em que nasci, mas apenas e só porque o conquistaste!

Que não te escondas por trás do trabalho fingindo fazer tudo em “nome do Filho” porque também (e quantas vezes!!!) se trata apenas de “em nome do Pai”...

... deixa que seja “pelo Espírito Santo”... pelos três que são unos: Pai, Mãe e Filhos!

Que tenhas Juízo! Isso sim! Que reconheças que esses cabelos brancos que te salpicam cara e carapinha, possam ser sobejamente sábios para dar e receber conhecimento, reconhecendo que o tempo é outro e que novas formas de “saber” são fruto do teu, mas também do meu esforço!

Quero pedir-te... que me aceites, no meu fel amargo, cópia do teu gene, altiva e orgulhosa.
Quero pedir-te... que me reconheças, desta feita, não mais como filha... mas como Pai (ou Mãe) pois há já muito que na realidade se inverteram os papéis...
E como um bom Pai que se preza, me preocupo...

Jinhos da Tua Filha mais nova...

Monday, March 13, 2006

Uma pintura


O cheiro é de mar... e rio... é ar poluído... é paixão... e carinho... e cigarro “cherry” enrolado e amarfanhado!

O tempo é denso... e curto... e urge... é frio... e quente... de ausente a todo o resto que te dá a sensação de que o tempo está a passar!

A luz é branca... e branda... e escura... da lua... do luar... do reflexo do rio a passar!


A pintura é singela.
*na tela de fundo (tela micro-perfurada, impressa a solventes, fixada por (...) * é que disto percebo eu!!!) recria-se o Passado
* no meu 1º plano cria-se um Futuro.

(fotografia inspirada na minha do pescador uns minutos antes, mas... esta é do John!!)
já agora -marginal de Gaia a vislumbrar a cidade do Porto

Sunday, March 05, 2006

O machismo é...

... é a depilação feita.
... é a barba desfeita.
Bigode aparado.
... é risco ao lado.
Corte à escovinha,
... é espreitar por baixo da saínha!

... é café com cheirinho.
... é por nada (mesmo nada!!!) falar baixinho!
(bem... a não ser ao decote
da secretária! Caso contrário...
... é alcunhado de fracote)

... é dizer não à razão
Sem deixar que esta
Possa ser um [nin] ou um [são]...

... é ser-se obtuso, ortogonal
Seco que nem cal.
... é esquecer-se que a geometria natural
É contraditória
É humana
É...
F(rágil)
R(ara)
A(nimal)
C(autelosa)
T(emerária)
A(ngulosa)
L(ânguida)

... é responder à pedrada
Sempre na altura mais errada.

... é ter medo do desconhecido
Que na verdade...
É só medo que esse, lhe seja reconhecido.

... é usar um tailler,
Calça de vinco,
Colete, ou
Gravata...
Que são farda de homem ou mulher

... é mandar um piropo, como se fosse um arroto!
... é confundir alimento, com aumento!
(carne – vaca – rapazinho – tesão...)
[ok... demasiado ousada... tive de explicar... acho que já me estou a esticar]

... é tentar conquistar o mundo
Com axila de cheiro imundo!

... é achar que sustenta a família sozinho!
... é não lembrar quem continuamente segura o ninho!

... é achar que o rico braço cabeludo
Só merece beijinho em pele de veludo!

... é ser-se deusa em religião vã
... é ser-se diminuída deitada num divã.

O machismo é...
(determinismo, no masculino, que tem a sua causa efeito no)
feminismo!

Wednesday, March 01, 2006

combate...

... ao machismo!
... pela mão de um senhor que acredita que a melhor forma de o fazer é... nada mais nada menos, que ridicularizar o machismo pela sua própria hipérbole - afinal, a vossa realidade é a projecção da imagem do espelho de distorção!

"Qual a medida ideal de uma mama?
A que encher a mão de um homem sensato!"

Oscar Maia

Estão abertas as secções de linchamento!
Quantos são? Quantos são?

II Hoje não há aliterações, metáforas, metamorfoses ou analogias

Continuo enjoada nesta caravela perdida sem ilha a bom... ou mau... ou a um porto qualquer onde possa pousar a cabeça que estala!
Não há consenso entre o “eu” de razão científica e intelectual, razão empírica e cultural, muito menos afectiva e moral!
Honestamente... é triste... mas estou perdida!
Vou, de tempos a tempos, mastigar o assunto e regurgitar digestões incompletas do que tanto me tem incomodado...

E sim... porque talvez não saiba viver de outra forma, irei à fonte, in loco, às crianças que me rodeiam (principalmente ao meu Xanoca) e aos pais que vou observando (principalmente... os meu pais e à minha irmã).


(afinal a minha heurística é o tempo que leva o meu volto redondo a fazer a panorâmica)

Preconceito – s. m.,
*conceito formado antecipadamente e sem fundamento sério
*superstição;
*prejuízo;
*erro.

Pode uma criança, aos 6 anos de idade, perceber o conceito?
Pode. Talvez não o explique... mas sabe-o... compreende-o! E como defender-se dele...

O meu sobrinho vive connosco. Tem 6 anos de idade e tem pela avó (a avó dos Pipi) uma dedicação e estima que ultrapassa a do resto da família! Junta!!!

Situação 1 (porque, raios parta, tudo depende sempre de um contexto)
Tem outra avó (a avó do Muu). E um pai... emigrado... em processo de divórcio... e que não vê o filho desde Abril. (e para que não pareça desonesto... nada direi mais nada!!!) Tem um padrinho/ tio e uma madrinha/ prima. Nesta ala da família são assim,... como dizer... mais rígidos em alguns pormenores... menos... abertos... menos inocentes... (bem... e falando o que realmente acredito– mais machistas!!!).
No aniversário do Alexandre, a avó do Pipi, atendendo que o Xanoca tanto fala em “ter um mano” (como se isso saísse nos furas dos chocolates!!!) resolveu presenteá-lo com um bebé chorão!
Aquando a abertura das prendas, estando ambas as partes da família juntas, qual não é o espanto? Sabendo que para a Avó do Muu e para o Padrinho “os meninos não brincam com bonecas. Podem ficar larilas” (sim... isto é verídico!), o Alexandre surpreende tudo e todos com um bem vincado “isto não é para mim”! – pois é... mas nós já sabíamos o porquê... deixem as coisas acalmar!
Durante uma semana, o brinquedo estando à vista do Pequenote, representava uma tentação...
-todos os dias a mesma conversa!
“oh vozinha! Deixa brincar com o boneco!!! Deixa abrir!!”
-todos os dias a mesma resposta!
“agora só quando a avó quiser brincar!”

E sabem que mais? Quando finalmente as suas preces foram ouvidas, até já nome tinha: Francisco!!

(o que me parece é que o pequeno foi muito inteligente!)

Ora vejamos: a avó do Pipi era um problema para se resolver depois!
*a quem, com mais facilidade magoamos, porque é mais fácil de resolver ou porque sabemos que seremos perdoados? – aos mais próximos!
*quem será a “segunda escolha” se tivermos a oportunidade de fazer boa figura no “agora e já” perante outrem que nos convém ter perto o suficiente?- aos mais próximos!
*qual o Troiano que na Grécia não aperta a mão ao César, alegando em casa que era uma estratégia de infiltração para atentar a paz mais tarde? Aos mais próximos!

*O Alexandre conhecia bem a posição de todos os que o rodeavam e sabia bem que sofreria represálias por parte da Avó do Muu e do Padrinho- então, deu-lhes o que eles queriam... não sofreu qualquer repreenda e conquistou pontos de aproximação!

Fugiu do preconceito de uns, enganando-os (dando-lhes apenas o que sabia que eles queriam) e compensando os outros que, sabendo que os tem no tempo, lhes dará atenção e respeito!
Ele não tem a noção desta explicação... foi tudo tão rápido que ele, garanto, agiu de impulso. O que me preocupa é o que tudo isto significa: de futuro, que será ela capaz de fazer para permanecer nas boas graças dos outros? Será um fraco sem convicções que se moldará a “quem der mais”? Dará sempre o que os outros querem ver ou dará aquilo em que acredita?


Será um crime manipular-se os dados para tentar tirar partido do melhor de dois mundos?
Acredito que não... mas desconfio (muito) dos meios!