Monday, March 20, 2006

Porque o dia do pai... foi ontem...



(a carta, que por todo o orgulho e teimosia que dele herdei, não entreguei ao meu Pai...)

Vou pensar que és o Pai Natal!
Não porque queira prendas, no lato sentido consumista do infantil mal gozado!
Mas sim... porque quero pedir-te...

Que lembres das brincadeiras que passamos... de quando ainda bem pequena, na palma das tuas mãos, beeemmmmm esticadinha, quase ... quase tocava o tecto amarelecido da humidade triste que vestia de Inverno aquelas paredes.

Que caminhes, novamente ao meu lado, no caminho para casa d´Avó, e me partias pinhões, acabadinhos de apanhar no colo térreo do Pinheiro manso do Lugar de S. Lourenso.

Que me ralhes, quando tens razões! Como quando copiava canções da rádio local... bem por cima das tuas músicas predilectas dum country qualquer!

Quero pedir-te... que não sejas um pai normal!
Que não uses desse estatuto porque te é dado no momento em que nasci, mas apenas e só porque o conquistaste!

Que não te escondas por trás do trabalho fingindo fazer tudo em “nome do Filho” porque também (e quantas vezes!!!) se trata apenas de “em nome do Pai”...

... deixa que seja “pelo Espírito Santo”... pelos três que são unos: Pai, Mãe e Filhos!

Que tenhas Juízo! Isso sim! Que reconheças que esses cabelos brancos que te salpicam cara e carapinha, possam ser sobejamente sábios para dar e receber conhecimento, reconhecendo que o tempo é outro e que novas formas de “saber” são fruto do teu, mas também do meu esforço!

Quero pedir-te... que me aceites, no meu fel amargo, cópia do teu gene, altiva e orgulhosa.
Quero pedir-te... que me reconheças, desta feita, não mais como filha... mas como Pai (ou Mãe) pois há já muito que na realidade se inverteram os papéis...
E como um bom Pai que se preza, me preocupo...

Jinhos da Tua Filha mais nova...