Thursday, April 26, 2007

uma história de Abril

Susana é uma filha de Abril, nascida só em Junho... mas 4 anos depois, naquela tarde solarenga, Susana cantava e comemorava, na inocência de “quem espanta seus males espanta”...
Festejavam com ela as molas do meu colchão com os saltitos ao ritmo dos perdigotos.

”Somo libi! Somo libi...”

Sua Mãe, heroína de tanque de água gelada, carregada no ventre, deste rebento que agora se atreve a escrever-vos, escuta atenta as munições que de rajada saem das entranhas da casa!
Deixa as vísceras das galinhas que assassinava para sustento deste exército e vai assustada ver se tudo está bem!
Assustada sim! Que as políticas parecem outras mas, o tempo do marido tardar no retorno a casa de reuniões clandestinas, munida de facalhão nas botas, tesoura no colo e bebé febril nos braços, se fez sozinha à estrada, à espera de um susto que já carregava no peito... esse tempo... não está ainda tão distante para que qualquer expressão de liberdade não seja ainda presságio de apertar o coração!

”Somo libi! Somo libi...”

“Susana! Traz-me a malagueta!
A incauta calou-se. O silêncio instalasse.

Recomeça a cantoria arauto que de más agruras esta já sanada esta confusão de ouvir vozes onde estas não estão.

”Somo libi! Somo libi, puta caalho...”

“Susana! Traz-me a malagueta!
”Somo libi! Somo libi, puta caalho...”
“Suuuusssssaaana! Traz-me a malagueta! "#%#$"@

“Oh mãezinha, não!” agora não há engano.
“Oh mãezinha, não!” repete consciente de que ouvirá outro tipo de canção
“Oh mãezinha, não!” já de soluço na garganta, trunfo do coração.
“Então porquê?” pergunta a Mãe.

“Porque eu estava a dizer asneiras”...
“Então anda cá e trás a malagueta ! Para a tua lingua...”

E assim é mais um exemplo de falta de liberdade de expressão... pós 25 de Abril...

Wednesday, April 11, 2007

estilhaços de rua II

E assim acontece que neste mundo de cá... “cada um sabe de si e Deus de todos” mas cada vez que se faz jus à questão, um, o Pobre Deus (pau para toda a colher), tem que mudar a física quântica para se poder fazer ouvir- erra é a linguagem pois parece que são poucos os que escrevem com os mesmos hieróglifos; outro, se de si sabe, pouco se assume!

Neste mundo de homens que comandam homens, mesmo quando já falam e escrevem pela mesma bitola, os significantes continuam a ter sentidos alheios à sua natureza, aos seus significados mais arquéticos e puros, moldados e mutados pela vã glória de julgar!

E quem julga, acha que o faz à letra do que leu.
E quem escreve, acha que é inequívoca a interpretação por parte de quem lê.
E quem ouve... tenta fazer-se ouvir!
Eu vou tentar um megafone e talvez... talvez continue a acreditar (ingenuamente) que posso fazer melhorias neste estado de cidadania.

Por outras palavras e sem metáforas e eufemismos:
. se a BT não me advertiu para o facto que não poderia circular com o pára-brisas danificado (e há letra isso significa que não pode circular nem um metro)
. se não me mandou chamar um reboque para a viatura seguir caminho, tendo mesmo proposto nos afastarmos da via principal e tratarmos da participação em lugar menos movimentado
. se presenciou o meu reinicio ao retorno a casa...

Como posso eu ter já sido multada, no dia de Páscoa, no valor de 99,76euro pelo pára-brisas danificado e mesmo assim ter podido continuar a circular?

Se a BT necessita de 5 dias úteis para ter o auto de participação pronto a eu pedir (pagar) uma cópia a fim de poder, junto da seguradora ou da empresa concessionária da A29, ser resolvida a substituição do pára-brisas, poderei eu ter, no mínimo, esses mesmos 5 dias úteis para resolver o assunto, nem que seja a título particular enquanto espero que as entidades devidas tratem das sua competências?

Sabem o que o que na DGV me disseram: que me acalmasse, e que esquecesse... que o agente da BT não deveria ter passado a multa... mas que era melhor esquecer! Pagar e esquecer!

Wednesday, April 04, 2007

estilhaços de rua

São estilhaços que felizmente o vento soprou para o lado desacompanhado.
Não me atingiu a pele, só o orgulho... o sono... o tempo e mesmo a dignidade!

É uma invasão como outra qualquer: não é a nossa paz e quietude a fronteira para a alma?
É infeliz a felicidade pela infelicidade.
É vazio a perturbação do completo do outro.

É sozinho! Só pode! Oco e sozinho!
Só por esta premissa se pode explicar, mesmo sem compreender, que alguém se entretenha a atirar pedras, no cimo de pontes, para os pára-brisas de quem circula.
e assim foi o resto do meu serão de ontem, (bem... já hoje...) encostada à berma da A29, com a Aenor na traseira, 45m à espera da Brigada de Trânsito... só por uma razão: eu? Eu estou bem... mas alguém pode ser privado da oportunidade de dizer o mesmo...

Monday, April 02, 2007

excertos II

...
Quando a decisão de excluir apêndices surgiu, já nós os dois tínhamos combinado passar o fim-de-semana juntos e sozinhos. Ele então decidiu que não ia. Achei que tinha de intervir e munida de bons argumentos convenci-o a ir ao almoço que profissionalmente tão precioso lhe era, que eu andaria, feliz e contente, a estourar dinheiro em compras – para mim, para variar um bocadinho e não ser sempre para os outros!

Tudo parecia bem.
Parecia.
As horas passavam… tinha gasto tanto quanto podia… voltei para casa e passei-lhe a roupa a ferro (17 camisas e uma máquina só de t-shirts… estava farta… e enjoada do cheiro do Vaporess!) …

Tínhamos combinado previamente que iríamos passear no Domingo, tipo piquenique…
Mas… nem um telefonema… e… almoçar está bem… mas estar em casa lá para as 16h não lhe ficava nada mal! …
*18h45m… chega o artista! Estava a cozinhar para as sandochas e ele apressasse a expressar o seu estado farto e a manifestar vontade de não jantar (e de beber, pois os olhinhos vidrados não enganavam ninguém!!!) Engoli…
*Depois fomos para a marquise… e o tema mais cómico que ele tinha era o da história do amigo que a namorada telefonou 3 vezes e que ele apesar de ter já coisas agendadas com a rapariga, arranjou uma bela de uma historieta para poder aceitar o convite irrecusável do irmão para ir ver o Jogo de futebol ao Dragão! Senti-me parva…
Ora vejamos: estive, ontem, muito tempo a tentá-lo convencer a ir ao almoço para ver se as relações de trabalho melhoravam. Não terei eu sido conduzida a fazê-lo? Senti-me enganada… mas calei…
* “Vamos prá cama descansar um bocadinho!”… pois… é para me saltares melhor em cima, não? Pensei eu já com os maus fígados a chegar à garganta! Ele deitou-se a ver televisão e eu tentei manter-me atenta ao programa!
* A jóia adormeceu! Ora que belo cenário!

A certa altura dou por mim com uma imagem muito má! Ora então, eu passo o dia a passar a ferro, limpar e cozinhar para que tudo lhe seja mais leve, facilito-lhe a vida para que não se acanhasse e fosse sair e conviver com os amigos, estando assim a esforçar-me por não deixar os meus anticorpos “empresa” interferirem e recebo…



recebo a perspectiva de comer uma sandes ao jantar, continuar sozinha encanto sua beldade dorme, ter que afastar as suas investidas ainda por cima mais trôpegas devido ao álcool, e ficar feliz e contente por passar assim o meu Sábado do fim-de-semana a dois! Belo cenário!

Levantei-me, tomei banho e vim acordá-lo.
Vim lhe mostrar o algo que se arrisca a perder!
Não sou uma deusa, nem para aí caminho, mas não sou assim tão desajeitada: pedi que me espalhasse creme! Que visse e tocasse mas nada mais que isso!
Em seguida empiriquitei-me toda (até me maquilhei) e comuniquei: vamos jantar fora, vamos ligar ao teu irmão e vamos estar com eles!
Ai que não podia ser! Porque ele não queria jantar e porque não está à-vontade com o irmão, porque era um fim-de-semana a dois e porque já estávamos chateados!

Pois é!
Nem vala a pena falar os argumentos restantes de ambas as partes!
Perdi a cabeça e fiz asneira! Da grossa!
Não vens – eu vou! Eu não vou ficar em casa! Fiz as trouxas e desci!
Mas não consegui ir embora… chorei, nem acreditei como estava tão bem-disposta e isto chegou às proporções que chegou porque eu não me controlo e exagero…

Dei o braço, não a torcer – a partir, pois isto vai sair-me muito caro! Mas a verdade é que não ia deixar que a “empresa” me afastasse novamente da pessoa que gosto assim de qualquer maneira! Telefonei e disse-lhe isso mesmo! Estava à espera dele para ir jantar. Ele desceu como um cordeirinho!

...

Questão - o que é que está errado?