Susana é uma filha de Abril, nascida só em Junho... mas 4 anos depois, naquela tarde solarenga, Susana cantava e comemorava, na inocência de “quem espanta seus males espanta”...
Festejavam com ela as molas do meu colchão com os saltitos ao ritmo dos perdigotos.
”Somo libi! Somo libi...”
Sua Mãe, heroína de tanque de água gelada, carregada no ventre, deste rebento que agora se atreve a escrever-vos, escuta atenta as munições que de rajada saem das entranhas da casa!
Deixa as vísceras das galinhas que assassinava para sustento deste exército e vai assustada ver se tudo está bem!
Assustada sim! Que as políticas parecem outras mas, o tempo do marido tardar no retorno a casa de reuniões clandestinas, munida de facalhão nas botas, tesoura no colo e bebé febril nos braços, se fez sozinha à estrada, à espera de um susto que já carregava no peito... esse tempo... não está ainda tão distante para que qualquer expressão de liberdade não seja ainda presságio de apertar o coração!
”Somo libi! Somo libi...”
“Susana! Traz-me a malagueta!
A incauta calou-se. O silêncio instalasse.
Recomeça a cantoria arauto que de más agruras esta já sanada esta confusão de ouvir vozes onde estas não estão.
”Somo libi! Somo libi, puta caalho...”
“Susana! Traz-me a malagueta!
”Somo libi! Somo libi, puta caalho...”
“Suuuusssssaaana! Traz-me a malagueta! "#%#$"@
“Oh mãezinha, não!” agora não há engano.
“Oh mãezinha, não!” repete consciente de que ouvirá outro tipo de canção
“Oh mãezinha, não!” já de soluço na garganta, trunfo do coração.
“Então porquê?” pergunta a Mãe.
“Porque eu estava a dizer asneiras”...
“Então anda cá e trás a malagueta ! Para a tua lingua...”
E assim é mais um exemplo de falta de liberdade de expressão... pós 25 de Abril...