Estamos na era dos instantâneos.
Vidas autocolantes!
Todos vamos tentando pintar a traços mais ou menos firmes, mais ou menos plásticos, as linhas de orientação desta perspectiva de vida que vamos fazendo...
Mas outros preferem a colagem! Copia-se da revista, da TV, do vizinho que comprou um carro, mas o meu tem de ser melhor... E tal como na pintura, nestes minutos que somam horas é preciso grande domínio ético ( a estética do comuns mortais) para não falhar e cometer plágio.
Estamos na era dos instantâneos.
E tudo muda de figura num contrato a termo certo!
O tempo que uma ressaca leva desde o entusiasmo à queda quadrada numa sanita ou árvore qualquer.
Desde o momento em que pegamos numa bicicleta até à hora de cairmos com ela.
Estamos na era dos instantâneos.
A vida inteira (ou a perspectiva dela) num espaço de nada!
Preocupa-me notícias de casamentos decididos no vislumbre de um encanto fresco e renovador, no tempo em que ainda se anda apaixonado e não amigo e amado, encanto de namoro que é alimentado ainda a mel doce de um recolhimento breve... quase que só o tempo de um cigarro!
Estamos na era dos instantâneos.
Tudo é como o flash das máquinas fotográficas: ofuscante e rápido!
Espero que não risquemos do mapa o tempo de pensar e decidir. Certas letras me contaram que a decisão não é tomada por ninguém... nós é que somos tomados por ela... mas se não a deixarmos tomar posse por ausência de plateia testemunhal, nada resolveremos.